segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Slackeline: esporte vai além da corda bamba

Força, equilíbrio, concentração e outras capacidades físicas são aprimoradas na prática deste esporte que tem conquistado os brasileiros. 

Nos desenhos animados, sempre que se precisa referir a um equilibrista, o mesmo aparece caminhando sobre uma corda tracionada enquanto a plateia, ansiosa, observa o profissional seguir passo a passo em direção ao outro lado do picadeiro. Na vida real o treino de equilíbrio sobre uma fita tracionada também existe e está se tornando cada vez mais popular no Brasil. É o slackeline, que nasceu nos Estados Unidos na década de 1980 com escaladores e alpinistas e conquistou os brasileiros a partir de 2010 no Rio de Janeiro (RJ). No Brasil, segundo Marcio Trivelato, professor e personal trainer da academia Competition (www.competition.com.br), o slackeline está expandindo muito e já há até competições, sendo que a vertente mais praticada, trickline, pode ser montada em locais públicos normalmente com cerca de 30 cm de altura.

A prática do slackeline não é apenas divertida, mas também traz inúmeros benefícios à saúde. Eric Volpe, gestor técnico de Slackeline da Fit Five (http://www.fitfive.com.br), lista como vantagens deste esporte pode melhorar equilíbrio, força, velocidade, resistência e reação, a percepção do espaço temporal, a consciência corporal, a performance, a coordenação, a resistência corporal, a redução do percentual de gordura, dentre muitos outros. “Além da qualidade de vida e bem-estar. Só de estar caminhando, agachando, fazendo o básico do slackeline, já é possível trabalhar esses benefícios”, conta.

Multiplicidade do slackeline

Versátil, o slackeline pode ser usado não apenas para o condicionamento físico, mas também para o desenvolvimento humano. Luciana Pereira, diretora administrativa da Dragon Slacklines, conta que o esporte pode ser usado no treinamento corporativo. “A área de recursos humanos da empresa pode observar se o candidato ou o funcionário tem foco, se consegue manter um objetivo a seguir, se tem persistência, se sabe lidar com o ganhar e perder, porque o esporte lida com etapas e a pessoa precisa saber que vai cair, levantar, etc”, explica.

“O slackline é uma atividade que exige muita consciência corporal, equilíbrio, força nas pernas e no abdômen. Por isso, um treino funcional que foque esses benefícios, que tenha a diversão e a possibilidade de superação, como o Slackline, é muito bacana para oferecer ao aluno opções diferentes para manter uma atividade física contínua”, diz Trivelato.

Além disso, o slackeline conta com vertentes que possibilitam agradar a um público bastante variado. Segundo Volpe, o esporte pode ser feito como:

- Trickline: que é mais competitivo e possui manobras e acrobacias aéreas, com saltos que chamam a atenção. “É um show em cima de uma fita de 50 mm de largura”, conta. Luciana orienta que essa fita é também mais elástica, para poder jogar a pessoa para cima durante as manobras, e tem uma textura mais macia.

- Highline: com fita mais estreita (geralmente de 25 mm), essa modalidade é feita nas alturas, acima de cinco metros em média e pode ou não ser feita com cadeirinha de segurança. “O sistema de ancoragem demanda mais atenção”, reforça Volpe.

- Long line: percurso praticado a longas distâncias – cerca de 20 metros - independentemente da altura da qual a fita está disposta.

- Water line: praticado sobre a água (piscina, rio, mar). “É o que mais pega no verão”, conta Volpe.

- Yoga line: prática dos movimentos da yoga na fita de slackeline.

Seja qual for a escolha, é preciso fixar a fita muito bem em dois pontos de ancoragem, o que demanda cuidado e atenção.

O alto risco do slackeline

Praticado indoor, em salas de ginástica ou quadras, ou até mesmo em outdoor, em praças, parques e praias, o slackeline também conta com seus riscos. “Temos restrição a pessoas com problemas de joelho e tornozelo. Embora o esporte possa ser usado na reabilitação, se o problema for sério, é preciso uma atenção especial. Gestantes, pessoas com labirintite, problemas de coluna e sobrepeso devem ser analisados caso a caso”, conta Volpe.

“Para os iniciantes, o ideal é que a fita não ultrapasse 30 cm acima do chão. Assim proporciona mais segurança para quem vai praticar e mais facilidade, pois quanto mais alta a fita estiver, mais ela balança com o peso do corpo. Também é importante fazer uma preparação antes, com exercícios de equilíbrio para que o corpo receba os estímulos exigidos para andar na fita”, ensina Trivelato.

Luciana lembra que as fitas de slackline suportam bastante peso, variando de 2,5 a 3 mil kg. Todavia, o ponto de ancoragem pode não ser tão resistente quanto ela. “Precisa ter uma fundação boa. Árvores de caule fino não suportam, então é preciso procurar aquelas com o tronco mais grosso e ficar de olho pra ver se não balançam muito. Coqueiros e palmeiras costumam ter as raízes pouco profundas e, por isso, também não são indicadas. Se for fazer em casa, não adianta colocar ganchos na parede como aqueles de rede, porque eles não aguentam. A pressão lateral é muito forte e recomendamos sempre fazer uma estrutura no chão especificamente para a prática do slackeline”, reforça. 

Luciana e Volpe citaram até o caso de um vídeo que ficou bastante famoso no site Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=M8-9KUOt9As) no qual o praticante ancorou a fita no pilar de sustentação da churrasqueira e acabou destruindo o telhado do local. “A gente pensa que não, mas esse tipo de acidente é comum”, diz Luciana.

O uso de equipamentos específicos para o treino de slackeline também ajuda a minimizar as chances de problemas. “É como surf. Você não pode, simplesmente, pegar um pedaço de papelão ou isopor e ir pra água”, afirma Volpe. Luciana, que comercializa o material para a prática desse esporte, lembra que cada vertente possui uma fita específica e que elas podem ser adquiridas diretamente na página da Dragon Slacklines no Facebook, com entrega via Sedex para todo o país. Existem catracas e protetores para prender a fita e não danifica-la. Luciana conta que já viu gente adquirir cordas e catracas de caminhão, que são mais baratas, e que os acessórios acabam se rompendo durante a prática da atividade, machucando o esportista.

“Tem que buscar um solo adequado também e se atentar aos detalhes. Por mais que seja grama ou terra, tem que ver se não tem caco de vidro. São detalhes básicos”, orienta Volpe.

Treino intenso de slackeline

Uma das formas de evitar riscos é saber o que está fazendo. Por ser uma modalidade bastante nova, são poucos os cursos e oficinas sobre o slackeline disponíveis no País. Eric Volpe começou a praticar o esporte por lazer e viu um nicho de mercado que atrai gente de todas as idades e de ambos os sexos. 

“Quando você vê alguém praticando em um parque, por exemplo, pode reparar que sempre fica um monte de gente em volta pra observar”, lembra, afirmando que pessoas curiosas e que curtem exercícios ao ar livre são o principal público-alvo dessa modalidade. 

Só que o diretor técnico também já viu muita gente se machucar ao tentar fazer manobras e ao usar equipamentos inadequados. Por isso, ainda esse ano a Fit Five vai disponibilizar cursos de capacitação de profissionais de Educação Física para começarem a aplicar o slackeline em seus alunos, levando não apenas bem-estar, mas também difundindo o esporte. “Vamos instrui-los sobre como subir na fita, qual a pisada correta, o que fazer com os braços, se deve ou não contrair o abdômen, como é a respiração, etc”, diz, lembrando que o slackeline pode ser uma ferramenta de trabalho como o TRX, por exemplo. 

fonte: Portal EF

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