A corrida de rua e a musculação são duas atividades que por muito tempo foram consideradas concorrentes, ou seja, uma influenciava negativamente na melhora de rendimento da outra.
Esse pensamento fazia sentido já que na corrida de fundo, ou provas de endurance, quanto menor o peso corporal (e isso inclui inclusive a redução da massa magra), mais leve o atleta ficaria e consequentemente mais rápido ele se tornaria, caso bem condicionado. Por isso acreditava-se que treinos de força geravam resultados insatisfatórios para um atleta que buscasse melhorar seu tempo em uma maratona, por exemplo.
Porém, com a melhor compreensão da fisiologia e da biomecânica humana, profissionais de educação física concluíram que o ganho de força ajuda o corredor a gastar menos energia, já que músculos bem desenvolvidos geram economia de movimento por conta da eficiência do gesto motor. Além disso, é essencial para evitar lesões.
“O treinamento de força pode ajudar na economia de corrida, além de prevenir lesões, já que o movimento excêntrico (alongamento dos músculos) é o que mais causa lesões.”, explica Ronaldo Martinelli, professor de educação física e treinador de corrida da Bio Ritmo.
Fases dos treinos - Como em qualquer outra atividade física, o treinamento de força voltado para corredores precisa seguir uma estruturação que vai de planos de treinos mais simplificados aos mais complexos. “A primeira fase é a geral, onde os exercícios acontecem em aparelhos. Na segunda etapa o gesto motor da corrida é estudado e o professor cria exercícios em cima desses movimentos. São os chamados exercícios funcionais”, detalha Martinelli.
Recuperando a massa - Outro benefício que a musculação pode gerar aos corredores é a manutenção da qualidade dos treinamentos e competições. Em provas muito longas o nosso organismo entra em processo catabólico, ou seja, há processamento de matéria orgânica para gerar energia. E essa demanda energética muita vezes é suprida pela massa magra, já que todos os outros nutrientes já estão esgotados.
“Com pouca massa magra o movimento excêntrico limita o trabalho das articulações e isso pode ocasionar lesões. Portanto, repor a massa muscular na musculação é uma maneira de evitar que dores e incômodos atrapalhem os treinos”, sintetiza Martinelli.
Segundo o treinador não há como traçar um plano de treinos genérico, pois isso varia bastante de corredor para corredor. O conselho que ele passa para o seus alunos é de “acrescentar atividades”. “Às vezes o ideal seria tirar um treino de corrida e encaixar um treino de força, do que trabalhar a corrida isoladamente. Lembrando que a fase mais importante é do início de um clico de treinamento, não importa se o corredor é iniciante ou mais experiente”, afirma.
“Rasgados” X “Massudos” - A corrida também pode ser uma atividade bem-vinda para quem não tem como objetivo diminuir o tempo nos dez quilômetros, mas sim aumentar a quantidade de anilhas na barrado supino.
Martinelli diz que qualquer atividade aeróbia, desde que tenha o controle total da intensidade, não traz malefícios para quem faz treinos hipertróficos. Muitas vezes esses exercícios podem “transformar os ‘massudos’ em ‘rasgados’”. “A pessoa que busca hipertrofia muitas vezes quer mostrar aquela conquista. Então, a corrida ajuda a diminuir o percentual de gordura do corpo e o trabalho vai aparecer mais”, explica.
Nesse caso, o ideal é que o treino de corrida ocorra em horário diferente do hipertrófico, para que o corpo se recupere bem entre uma atividade e outra. “Às vezes, no exercício aeróbio uma proteína que pode servir como fonte energética também pode ser importante para a reconstituição de um músculo microlesionado na musculação. Caso isso não seja possível, a corrida pode acontecer logo após os exercícios de hipertrofia”, finaliza.
fonte: Portal Webrun
Nenhum comentário:
Postar um comentário